quarta-feira, 5 de setembro de 2012

       SOBREVIVÊNCIA DO LIXO 


 Crise financeira aperta 

A crise financeira em curso está a dificultar o desenvolvimento do negócio, visto que os compradores de sucata ausentaram-se do mercado. Margarida Ventura disse acreditar que quando a crise passar os indianos e os seus parceiros continuarão com o negócio, por isso está a criar um stock capaz de satisfazer a procura.

Antes da crise, a sucateira tinha fechado um contrato verbal com alguns compradores indianos que se resumia no enchimento de 50 contentores de 20 toneladas e em troca recebia dois camiões basculantes com guincho.

“Aposto que com a venda dos 50 contentores, eles tirariam a triplicar os 70.000 ou 80.000 dólares que gastariam com a compra destes equipamentos. E eu teria a felicidade de deixar de alugar estes meios para recolher as peças dos entulhos”. Para facilitar o controlo das mercadorias, a comerciante utiliza uma balança de grande porte adequada para o efeito.
A fama da nossa interlocutora espalhou-se pelo bairro e actualmente os jovens desempregados procuram recolher ferros e alumínio na zona para venderem a ela. No buraco da Camama, como também é designado o local, Margarida Ventura retira ainda uma enorme quantidade de madeira diversa, entre contraplacados, ripas, paus, estrados, entre outros, que são comercializados aos marceneiros e carpinteiros.

“O preço varia em função do tipo e da quantidade da madeira que o cliente vai levar; um carro de mão cheio pode custar de 500 a 1.500 Kwanzas, mas quando as pessoas dizem que não têm dinheiro, acabo por oferecer”. Instada a exemplificar, Margarida Ventura disse que do buraco da Camama saem madeiras que são utilizadas para fazer cadeirões, quadros, bancadas e gaiolas.

No negócio da madeira, a sucateira diz que consegue tirar maior proveito da parceria que estabeleceu com o seu sobrinho marceneiro de profissão que utiliza este material para fazer gaiolas de pássaros, comercializadas a 30.000 Kwanzas cada. Em troca das madeiras, o jovem faz quatro gaiolas e depois de as vender entrega o dinheiro de uma delas à sua tia. “Vi que ele tem jeito para a coisa e achei que esta seria uma forma de ajudá-lo. Desta forma, consigo também dinheiro para pagar os meus funcionários e manter o local intacto dos invasores”.

GRUPO:1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sua mensagem aos alunos que trabalham neste blog...